Apesar de uma das grandes imagens de marca de Marrocos em termos paisagísticos ser o deserto, não nos devemos esquecer que Marrocos é um país muito grande e com paisagens muito diferentes e grande diversidade biológica. A natureza deste país compreende não só o deserto, mas também as zonas costeiras e montanhas.
Por todo o país têm sido criados parques nacionais, o único que conheço até agora é o de Ifrane e adorei, é lindíssimo e acho que ter visitado esta região no Inverno, altura em que está coberta de neve, contribuiu para tornar a experiência inesquecível. O Parque Nacional de Ifrane foi criado em 2004 e fica em pleno Médio Atlas.
Estende-se por mais de 500 m2 e é conhecido pelas suas paisagens, lagos e rios. Este parque é também conhecido por abrigar a maior floresta de Cedros de Marrocos e por ali existir uma comunidade de macacos (Barbary macaque). Esta região é conhecida por ser o destino turístico ideal para fazer caminhadas, ski, caça e pesca em Marrocos.
A zona de Cedre Gouraud é a ideal para se avistar e até interagir com estes animais, que estão habituados a observadores e turistas e assim que vêm alguém ao longe, aproximam-se logo para pedir comida. Eu sei que uma das regras quando visitamos reservas naturais é não alimentar os animais, mas aqui é impossível!!! Eles são tão lindinhos e claro que pedem comida, porque estão habituados a ser alimentados pelos visitantes, por isso se aproximam. Passei aqui mais de uma hora a observar os macacos e a dar-lhes amendoins, pão e fruta e a última coisa que me apetecia fazer era ir embora.
Quando se acabou a fruta e o pão que tinha no carro fui a uma das lojas de recordações e comprei 2 saquinhos de amendoins (a 5 dh cada um) para continuar a ver os macaquinhos a virem buscar a comida à minha mão. Perguntei ao senhor do quiosque se me tirava umas fotos com os macacos e ele foi muito simpático e disse logo que sim, andou atrás de mim uns 10 minutos ria-se e ia tirando fotos, depois disse que tinha que voltar para a loja. Antes de me ir embora voltei a passar por lá, agradeci-lhe outra vez e dei-lhe 10 dh (cerca de 1€), ele não me tinha pedido nada, mas também não disse que não queria…
É importante não nos esquecermos que apesar de serem muito simpáticos e engraçadinhos estes macacos continuam a ser animais selvagens e é preciso tomar algumas precauções. Não se deve dar comida aos mais pequenos em frente aos mais velhos, porque eles vivem numa comunidade perfeitamente estruturada e hierarquizada e os mais novos comem depois dos mais velhos. Logo se tentarmos inverter a ordem das coisas os macacões zangam-se, não só com os mais pequenos, mas também com as pessoas, como eu assisti, em que um macaco subiu a uma árvore e desatou a atirar paus às pessoas com quem se tinha zangado!!! Também convém termos cuidado com os sacos e as malas porque os macacos tentam agarrar e roubar-nos as coisas, pensando que lá vão encontrar comida. O mesmo se passa com os carros, não se esqueçam de fechar as janelas!!!!
A minha visita aos macacos marroquinos foi feita de manhã e a noite anterior foi passada num hotel em Azrou. Ainda pensei em ficar em algum albergue dentro do parque, mas como não conhecia nenhum nem tinha referências e já era tarde, depois de uma passagem por Ifrane, fui para Azrou, uma típica cidade marroquina, com uma pequena medina onde passeei antes de ir para o hotel.
A passagem por Ifrane foi uma surpresa! Quer dizer foi e não foi – já tinha ouvido falar na Suiça marroquina e visto fotos, mas quando aqui se chega é sempre um choque, porque é um cenário que nada tem a ver com a paisagem típica de Marrocos. Ifrane é uma cidade de montanha a 1600 metros de altitude e é conhecida por Suiça marroquina devido ao seu clima, que mesmo no Verão é frio (Ifrane regista frequentemente as temperaturas mais baixas de África no Inverno), pela sua vegetação, lagos e estilo arquitectónico de influência europeia: chalets.
O Samuel Santos do Dobrar Fronteiras na fotografia.